Um dos fatores que vem impulsionando a força de trabalho feminina para esta área são as atuais tecnologias de construção disponíveis nas obras, pois dispensam a força física como principal atributo para a função. É o que explica Norma Sá, coordenadora do Projeto Mão na Massa, um trabalho que usa o impacto da construção civil para transformar a vida de mulheres em situação de vulnerabilidade social no Rio de Janeiro.
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"Na realidade, há forte demanda por trabalhadores qualificados no setor da construção civil. No nosso caso, 70% das 210 alunas já formadas estão empregadas. O aquecimento da economia brasileira impulsionou o projeto e uma boa parte delas trabalha em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e outras estão empregadas em construtoras ou realizam serviços de forma autônoma", diz Norma.
Ela conta que as mulheres formadas na área normalmente entram nas obras na função de meio-oficial, cargo situado acima do de ajudante e servente. "Creio que as mulheres estão qualificadas para assumir qualquer função e têm muito a somar: elas são mais atentas ao detalhe e cuidadosas no acabamento, arremate e pintura, o que aumenta a possibilidade de colocação. São mais detalhistas, limpas, organizadas, mais econômicas com o material e melhores administradoras e estão mais dispostas para dar conta do serviço".
Quanto ao salário, diz a coordenadora, no Rio de Janeiro, as contratadas como meio oficial ganham R$ 836. "Se as operárias forem promovidas para a função de oficial passam a receber um valor mínimo R$ 1.067,00. Considerando o grande número de horas extras na construção civil, este salário poderá ser poderá subir mais R$ 300 ao mês".
Respeito
Quem concorda é a pedreira carioca Daiana Garcia Aguiar, de 23 anos, ex-aluna do projeto Mão na Massa. Ela conta que fazia alguns trabalhos como pedreira na própria casa onde mora e aprendeu nas aulas a fazer, por exemplo, o assentamento de tijolos. Ganhou respeito no canteiro de obras por mostrar sua competência profissional.
"Estou nessa área há cerca de três anos. No início, a presença de mulheres não era muito comum e os homens ficavam curiosos, vinham ver. Começaram, então, a perceber que o meu trabalho também era de qualidade e assim conquistei respeito".
Daiana tem uma filha de seis anos e diz que é possível conciliar o trabalho com a função de mãe, exatamente como em outras profissões. "Já fui contratada por duas construtoras e também trabalhei em obras do PAC aqui no Rio. Agora, quero fazer o curso de ladrilheiro".
E olha, até mesmo neste tipo de trabalho é possível manter a aparência sempre em dia! "Não dá para ter muita frescura. Não podemos esquecer que a utilização do equipamento de segurança é o mais importante. Mas eu, por exemplo, não descuido nunca do protetor solar".
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